Figura1

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

6.

Degolámos os gestos com a foice
Antes, o amor durava até ao escurecer
O fado cantado nas eiras, o zeca-afonso nas ceifas
Das palavras, dos gestos, das vozes, das forças
No mar de milho quedei com as tuas ondas,
O murmurar do filho que era para trabalharmos.
As grades da janela conhecem as horas desse verbo...
Embalo os lençois por cima da mortalha, o corpo
As piriscas num cinzeiro numa mesa
Ao lado direito da estante a fotografia na esquerda
O cinzel, as cores sobre a lua da rua
Esta almofada é dura. Um candeeiro a
Segurar a legenda: fazer a barba

10-05-90